quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Mamãe eu quero ser preso político

Mamãe, eu ando tentando
Me vê aí uma ideologia, que essa aqui tá vazia e não cola
Sabe aquele pessoal de 68? Então...
Polícia para quem precisa, mas pra mim não
Porque sou aquela burguesia (que fede)
Que se acha dona do pedaço, dos pedaços
Aprendi cedo que o cliente tem sempre razão
E, sim, mamãe, você me criou como cliente
Que esperneia sempre que é contrariado
Eu acho bonito sair nos jornais algemado
Parece até aquele pessoal de 68
Mas minhas idéias não correspondem aos fatos
Até visto umas camisetas do che
Mas da história de Cuba, só sei o clichê
Armei aquele levante, gritei, pichei, vibrei quando tiraram minhas fotos
Tirei centenas com o meu iPod
Vou colocar no meu face
O meu brinquedo de star
Mas você veio pagar a fiança!
Ah, não, mãe!


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

como eu me sinto?


Acho que me resta confiar no pára-quedas.
:)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Facebook

Minha saída acontecerá em breve.
Abri aquele Facebook agora pela manhã.
E nada de novo havia, como sempre.
Na escala decrescente da qualidade do que se lê e vê naquela página de atualizações: correntes estúpidas, afirmações idiotas, auto-ajuda cibernética, comentários absolutamente desnecessários (o que fiz, comi, vi, o que me impressionou, o que me emputeceu...). E por fim, fotos que se exibem sem pedir licença. Conteúdo que eu não gostaria de ter visto, jamais. Coisas inúteis que se amontoam na minha tela, que nada acrescentam de bom.

E depois se reclama de falta de tempo para o que é importante...

Além do mais, ninguém quer "compartilhar" nada. Só o que querem é um exercício narcisístico de afirmarem o que têm feito, passado, lido, sentido. Só o que esperam é ter seu comentário comentado por alguém. O ápice da solidão e da carência modernas.
Me mantive nessa rede com o propósito de manter contato, principalmente, com quem está longe.
Mas o email ainda existe e persiste, firme e absoluto. Aquele com "De" e "Para", bem definidos, pessoais e intransferíveis.
Essa mecânica atual de "relacionamentos", essa rede "social" não me serve.
E assim será pra mim.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Bill, Sue e as malas

Bill e Sue vieram passar 4 dias conosco. Ficariam aqui em Ouro Preto, depois seguiriam para o congresso em Búzios e depois para Galápagos.
Bill é o ex-chefe do Rodrigo, da Austrália. Sue, a esposa dele.
São um "lovely" casal, como diriam por lá. Estão na faixa dos 60 anos; são muito cultos, inteligentes, viajados, pessoas interessantísssimas.
Chegaram no Rio no dia anterior à vinda para cá. Ligaram pra gente do aeroporto, contando que suas malas não tinham vindo. A cia aérea, lá em Sydney, não embarcou as bagagens deles. Colocaram o Rodrigo em contato com a TAM para combinarem de entrega-las em Ouro Preto dali a dois dias. Disseram que tinham algumas coisas nas malinhas de mão.
Menos mau, né? Pelo menos a escova de dentes...
Só conseguia pensar: Que chato isso, viajar por tantas horas e não ter uma roupa pra trocar, não ter suas coisas. Sempre me senti assim em relação ao que carrego comigo em viagens. Ao chegar num lugar estranho, aquilo ali vai te dar um conforto. Ter suas roupas limpas, sua toalha, seus cheiros, seu pijama. A sensação de que está tudo em ordem, enfim.

Organizamos a casa na véspera. Compramos goiabada cascão, doce de leite, castanhas-do-Pará, chás no Mercado Central, queijo minas frescal e outro meia-cura, dois tipos de manga, mamão, abacaxi; e , claro, nos certificamos de que havia pão-de-queijo suficiente (caseiro,tá? Peloamordedeus).

A visita foi maravilhosa. Há dois anos não os via. Que maravilha ter a oportunidade de conversar com eles novamente! Como são cultos; como conhecem o mundo, as coisas, os livros, as plantas (inclusive as do meu quintal!), como se interessam por tudo, querem experimentar tudo, ouvir, ver, conhecer (tinham lido, antes da viagem, a história da vinda de D João com a corte e também sobre Tiradentes).
Não fazem pré-julgamento de nada, como olham as coisas com a mente aberta, como ficam maravilhados com tudo. O mamão era "lovely!", a goiabada "wonderful!", as mangas e seus sabores distintos, "surprising!".
E sempre, sempre, têm uma história interessante pra contar.

Mas as malas não chegaram conforme prometido. A TAM se comprometeu a entregá-las em Búzios.
Mais alguns dias com as mesmas roupas, pensei, que transtorno.
Mas aí eu olhava o Bill, com sua calça cáqui, e sua camisa social com um furo debaixo do braço, descalço; sentado na nossa varanda, observando o quintal e achando lindo poder ver montanhas em volta e ouvir pássaros diferentes. Perguntava sobre a pedra São Tomé que reveste o chão, sobre a construção do vizinho, sobre os portugueses. Eram ele puritanos como os ingleses, no relacionamento com os colonos e escravos?
Comecei a perceber que estava mais preocupada do que eles a respeito das malas.
Enquanto a Sue descansava tranquila no sofá, comentei que se estivesse em seu lugar, estaria realmente chateada por não ter minhas coisas. A resposta foi... "surprising":
"Na verdade... não tinha nada muito importante na mala. Só iria me fazer falta a minha roupa de mergulho. Não queria chegar em Galápagos sem ela, pois a água é muito fria e eu não poderia mergulhar."

Acho que estou refletindo até hoje sobre isso.
O que há de mais importante na mala que a gente carrega? 
Pra que serve a tola sensação de preciosismo, o receio de usar o mesmo par de meias por vários dias?
O que é de fato importante na viagem? O que te veste ou aquilo do que você se despe?



terça-feira, 20 de setembro de 2011

o sistema devia cair

Tudo começou com o ferro de passar e sua garantia extendida.
Logo após me revoltar com a duração curtíssima dos eletrodomésticos, vi-brei quando descobri que ainda estava na garantia.
Levei o ferro na loja.
Não, não é assim. Liga no "Atendimento" (essa palavra me causa petéquias), explica o sisnistro, pega uma senha e volta aqui pra fazermos a troca.
Ferro na mochila, volto com ele pra casa.
30 minutos, três atendentes, cinco repetições do CPF, endereço, estado civil (relevante???) ... e  então consigo uma senha cabalística de 21 DÍGITOS e uma outra de 6.
Pronto, é só ir à loja com esses números e trocar por um ferro novo.
Assim sendo...
Vendedor1: É troca? Fala ali com o gerente.
Gerente: O quê, é so troca? Qualquer vendedor lá embaixo pode fazer isso pra você.
Vendedor2: Num sei fazer isso nesse sistema novo não.
Gerente: Fala ali com a fulana que ela te ajuda.
Fulana solícita, graças aos céus...
Mas o sistema era novo, ninguém sabia direito as telas, onde colocar os números, que números eram aqueles... 
Me distraí com uma das tvs gigantes na parede, que mostrava uma imagem irritantemente nítida de um grupo de garças à beira de um rio no Pantanal. Que inveja das garças. Sem números, protocolos nem ferros de passar.
Vendedor2: vou na outra loja e chamar a Fulaninha pra me ajudar, ela sabe melhor desse sistema.
Li a tela onde elas pelejavam. Só pensava em pegar o ferro do mostruário e falar pra eles se virarem com o resto da burocracia.
Chega a fulaninha, que não acrescenta muito, além da boa vontade em conferir os números e digitá-los novamente.
Vamos ligar no "Atendimento" pra conferir.
Petéquias afloraram vermelhinhas.
Meus dados pessoais e o engodo dos números malditos viajaram kilômetros na fibra ótica e nos cubículos de ao menos meia dúzia de atendentes; além de ocupar consideráveis minutos do dia de vários trabalhadores da loja, que deixavam seus clientes pra desatar aquele nó.
Todos culpavam o sistema novo. Não tiveram treinamento suficiente, estão tendo que aprender na marra, etc.
Pausa.
Já trabalhei com treinamento e suporte de software. Essa conversa é fiadíssima. Fato é que ninguém quer que o sistema mude. Ninguém gosta de ter sua ferramenta de trabalho alterada. E pra fazer pirraça, não prestam atenção ao treinamento, acham que na hora conseguem se virar. Mas na hora h, a culpa é do sistema, do treinamento, da rede... E claro, o anterior, ainda que fosse um lixo, sempre será melhor que o novo. Parecia que eu tava revendo um trailer de um filme antigo.
Voltando
Vem o gerente e faz política: Olha, me desculpe, mas essa é a primeira troca que estamos fazendo com o sistema novo, viu ?!
E nem pra vocês me darem um prêmio por ser a cobaia, pensei comigo...
Vem outro vendedor que desiste e depois outro.
Até que eu ouvi que não ia ter jeito, que o sistema não registrou, que a senha que me deram era inválida e que eu receberia um reembolso da empresa da garantia.
Não não. Não quero reembolso. Tenho o direito de levar um ferro novo.
Tensão...
A fulana respira fundo. Vamos tentar mais uma vez.
Tá, mas deixe eu falar com a atendente. Peguei o fone.
Quero a senha, está faltando uma senha aqui. A que me deram mais cedo tava errada.
Ah, senha? Sim, anote aí.
Não, eu não havia trocado 3 por 6. Era um número completamente diferente.
A fulana comemora radiante: Ah! Deu certo! Era a senha! ...
E me dá um abraço!
Ah, Natália, que bom! Coitada de você, esperando por tanto tempo!
Meu sorriso de consumidora surpresa e aliviada...
Mais uma peleja de 15 minutos pra registrar que fiz a troca. E mais um vendedor pra ajudar com as medonhas telas azuis. Sim, pois o que atrapalhava agora, descobrimos (comigo ajudando), era que o nome da rua é Ipê e não Ype. Aí travava tudo.
Devia ter explicado que era nome de árvore e não de detergente?

Olha, podemos repensar esses sistemas e voltar a anotar no papel de pão?
É tão frustrante toda a complicação que as facilidades modernas trouxeram às nossas vidas...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

se existe um fim

Olhei pela janela do quarto andar ontem e me senti mal.
O céu, famoso por abrigar tantas coisas, de deuses a satélites, mostrava algo medonho.
Aconteceu.
Não era a cauda flamejante de um meteoro, nem luzes de discos voadores, nem anjos com suas trombetas e bundas de fora, nem aviões, nem o exército, nem o salvador, nem o ditador.
Se há um fim, me certifico de que será a simples impossibilidade biológica de existir.
O azul tinha virado cinza.
Meu deus, aconteceu.
O ar virou veneno.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

eu curti

A gente não se contenta mais só em observar.
Se não tiver foto, é como se não tivesse acontecido, ou passado diante dos nossos olhos. Contar a história pra alguém não tem mais o mesmo gosto se não sacarmos o aparelhinho e mostrarmos orgulhosos a foto, ou as milhares de fotos.
A falta da imagem desvalida a experiência. Se não tiver o espetáculo da imagem, a linguagem sagaz dos megapixels sempre à mão, é o mesmo de descreditar ao contador a veracidade do impacto da história..
Ontem, não me contive. Após observar maravilhada um ipê amarelo tinindo ao sol, contrastando com o céu azul-anil, e as linhas ondulantes do Edifício Niemeyer, capturei a imagem com meu celular. O mesmo era feito por todos os passantes que se atentaram para a cena.
Era tão lindo que eu queria levar pra casa.
Peguei uma das flores, recém-caida na calçada da praça e a coloquei dentro do meu livro.
Era tão lindo que eu queria levar pra casa.
À noite me lembrei da foto e, ao revê-la, vi que era apenas mais uma foto, nada de mais. Não ganharia um prêmio por ela. A árvore não me pertencia, nem as flores, nem o tempo, nem o azul do céu, nem o momento.
Guardar a imagem nos MB dos aparelhindos parece dar a muita gente a sensação infantil de que se apossaram daquilo, a petulância de possuírem. Porque parece mesmo que só isso importa nesses dias.

Mas fato é que eu nem precisava dela pra direcionar minha memória ao instante em que fiquei maravilhada com o amarelo vivo e ofuscante dos tufos floridos ao sol, no fundo azul limpinho do céu de agosto, enquanto as flores caíam devagar na grama quando os galhos balançavam na brisa, formando um lindo tapete verde-e-amarelo.

Aquela coisa que o coração captura, mas a antena não.


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

sobre onde eu ando

Ando ocupada, verdade.
Com saudade de escrever aqui. Já comecei alguns posts e parei por falta de tempo de concluir.
As idas e vindas de ônibus pelo menos me permitem ler. Estou terminando "O Quarto K", de Mario Puzzo e ontem comprei num sebo "Helena" , de Macahado de Assis (com uma dedicatória de 1939 sobre a qual ainda vou divagar!). Ainda leio a Folha e qualquer revista que caia nas minhas mãos. E a bibliografia oficial (apostilas), claro.
Ando preocupada também. Com a confusão na Europa, a dívida americana, o outro Ministério que se vai na enxurrada de lama, com a prova em outubro, com as matérias que não estão em dia, com esse calorão em pleno agosto, com a poluição dessa cidade, as espinhas que insistem na minha testa e com o preço do cafezim que não pára de subir...
Enquanto penso na minha futura casa nova que começa a sair do papel, a saudade de dormir e acordar do lado do maridão todo dia...

Ah, sim. E um novo visu pra esse blog.
Em breve.


(obra de Almeida Junior)

terça-feira, 7 de junho de 2011

aos leitores

Um dia acordei e vi que tinha 58 seguidores.
Quando criei esse blog, morava na Austrália, estava me sentindo muito sozinha e, como sempre gostei de escrever, resolvi jogar na net muito do que se passava nas minhas idéias. Foi muito legal, pois além de me manter em contato com minha família e meus amigos aqui no Brasil, me dava a chance de deixar a criatividade fluir, de desabafar, além de me conectar com blogueiros bacanas demais.
Já pensei milhares de vezes em largar as redes sociais e ainda avalio isso sempre. (Um dia vou escrever sobre esse dilema). Mas esse blog, jamais. Ele é parte importantíssima da minha história pessoal.
Vejo que recebo recados carinhosos que elogiam o que escrevo (e cá prá nós, quem não gosta de ser elogiado?) e fico feliz mesmo, por saber que há pessoas que gostam da minha escrita, que se identificam com minhas idéias...
Com tanta coisa nojenta nessa internet, é um alívio ver que o bom uso dela é possível, que há gente boa, inteligente e interessante aí do outro lado do monitor.
Aí hoje, depois de correr os olhos pelas fotinhas dos seguidores, fico meio triste, pois nunca antes estive tão sem tempo pra escrever ou pra saber quem é que está aí me lendo. Minha vida está uma (feliz) correria. O caderno que carrego na mochila está lotado de coisas que gostaria de compartilhar. E pretendo fazê-lo, em breve.
Assim que eu passar em medicina (sério) :)
Não estou "dando um tempo no blog" como já vi alguns blogueiros fazerem devido à falta de tempo pra escrever. Só não posso estar por aqui com tanta freqüência quanto gostaria...
Mas é isso aí!
Abraços carinhosos,

Nat

terça-feira, 10 de maio de 2011

fashion sucks

Não aguento mais moda. A moda está na moda. A moda é gostar de moda. Mesmo quem não sabe nada de moda acha que está na moda, porque a moda... arrrrgh!!!!
A única revista feminina que eu gostava me deu náuseas esta manhã, quando percebi que restava pouco nas páginas, além de moda... Muita cor, muito brilho. Cor demais, brilho demais, olhos pretos demais, cabelos brilhantes demais, unhas coloridíssimas, dourados flamejantes. Sabe quando aquela bala, de tão açucarada, fica enjoativa?
Isso pra não dizer que as fotos emanam aquele cheiro de plástico (que deve ser do que as moças das fotos são feitas, a julgar pela cara de boneca de cera que elas ganham depois de tanto photoshop). Dá uma olhada cuidadosa nas propagandas. Aquilo não é pele. É plástico, polímero, poluente, aff! Não sentiu o cheiro?
É. Tipo assim.
Além disso, me arrebatou perceber que devo ser, como diz uma amiga, uma monstrenga. Eu, meu cabelo, minhas roupas, meu estilo (que não comprei em lugar nenhum). Ou porque não tenho um aparato de tranqueiras pra maquiagem, nem as bolsas da moda, nem os sapatos da última tendência nem tenho a pretensão ultra-mega-nojenta de parecer vintage (porque o parecer, convenhamos, é o que importa).
Aquela revista me cansou.
Aliás, a mulherada nunca esteve tão cansativa. Depois reclamam dos bofes...
Acho que se eu fosse bofe, já tinha... xáprálá.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

ironia

Saiu na Folha ontem.
O exmo sr ex (graças a Deus) Presidente deu uma palestra (remunerada) na Microsoft sobre... EDUCAÇÃO.
Disse que a criatividade do brasileiro se deve ao fato de sermos um povo feliz, dada a nossa proximidade com as praias.
Ah, entendi. O repórter escreveu errado.
O tema era "educassão".
O que será que os microsoftianos acharam?

E eu aqui, me matando de estudar.

sexta-feira, 18 de março de 2011

mas é que...

Dureza é ter coisas pra contar e não ter nem um minutinho.
O minutinho acabou.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

eu viajo

Acabei de chegar de Buenos... ops, Búzios (cara, tantos hermanos!).
Mas enfim, tenho outras cositas pra dizer sobre a viagem, mas, como ainda to meio de ressaca da estrada, quero fazer um post express só pra enumerar:

Coisa triste:
praias maravilhosas e sujas

Coisa feliz:
sol tinindo todos os dias

Coisa fodástica:
Bronze sem arder e sem torrar? Pergunte-me como.

Coisa bizarra:
Uma clínica psiquiátrica no meio da estrada, no meio do nada. Pensei em mil coisas (tipo quick drop?) rsrs. Mente maligna...

Coisa assustadora:
Caminhoneiro = serial killer. Duvida? Eu não.

Coisa que só brasileiro entende:
Serra de Petrópolis, uma queda d´dágua na beira da estrada. A placa em frente dizia: "Proibido deixar oferendas". Ps: Vou montar uma empresa e criar ebós biodegradáveis... Aposto que vende.

Coisa insuportável:
Estacionamos na rua da badalação. Chega um cara com um papelzinho escrito: R$5,00. A gente ri sem entender. Ele diz, sarcástico: "quando o criente chega e ri eu só posso rir também. É isso aí, cinco conto adiantado pra estacionar."
Odeio ser palhaço pra fazer vagabundo rir às minhas custas...

Coisa estranha:
Carioca jura que na lata escrito "Itaipava" tem cerveja. E paga caro ainda. Devo contar a verdade? Não, xáprálá...

Coisa-fato:
Mineiros compram guarda-sol e fincam na areia? Use capacete. Expertise zero. O cara foi sortudo. Ninguém se feriu. "Trem mais doido esse vento. Forte, hein?"

Quando eu viajo, eu viajo...
Depois tem mais.

sábado, 29 de janeiro de 2011

2010, o ano que não terminou?

Quando a gente inicia um ano com um plano que não se concretiza, significa que ficamos agarrados no ano passado como na fila do banco, às 15:59, sem saber se seremos atendidos?
Tomara que não.
Porque o ano começou, mas eu não.
Eu tive que parar (e ainda estou parada) pra repensar estratégias para que meu plano aconteça.
E meu plano, sem demagogia, é foda. Foda de acontecer e foda de levar adiante.
E mais foda ainda porque outro dia completei trinta anos.
E a situação "casada-estudante-30anos" não é moleza não. A não ser que você seja a mais tranquila ou a mais encostada da década. Me cobro por não trabalhar, e muito.
Foda? Foda!
Mas o escolhi pra ser meu plano porque acho que me dará um FUTURO. Não um futuro de fotos na Caras, nem de milhões no banco, nem de vencer o BBB nem dar um golpe na Receita.
Decidi ser médica.
...
Pausa para os médicos desiludidos se mijarem de rir.
...
Pronto, chega.

Passei 2010 estudando. Tentei um vestibular em julho e, agora, o Enem (ou "ah, nem"). Não deu. Passou perto, mas não deu.
Ps:
Sinta-se ofendido se, por ironia (ou felicidade minha), você, leitor, é o cretino insolente que corrigiu minha redação e me deu uma nota mais cretina que a vaca que te colocou no mundo. Seu pai deve ter dado a ela a mesma nota, na noite em que copularam e o mundo provou o amargor de ver você surgir e se tornar um professorzinho recalcado xumbrega, querendo descontar suas desilusões em alguém.
Gostaria de explicações para a nota que me derrubou, mas jamais vou encontrá-las, então... ema ema, né? Logo... tenho o direito de ser desaforada, e pronto.
Voltando ao plano.
Me formei em turismo, sempre trabalhei na área. Mas, pausa.
Me formei em turismo depois de ter cursado um ano de jornalismo. Ninguém merece ser jornalista, eu muito menos (por vááárias razões), embora tenha paixão por ler e escrever.
Larguei o curso pra fazer psicologia, mas caí na besteira que todos fazemos algum dia: dar ouvidos demais à conversas do tipo: "Faz isso não minha filha, olha o tanto de psicólogo desempregado, fudido que tem por aí...".
Pra colocar a cereja no sundae da idiotice, fiz turismo. Por números motivos que nem vou listar, mas certamente, $$$ não era um deles. Até porque os caras (a maioria!) que mais ganham no turismo não passaram nem na porta da universidade... Mas alisaram a careca, ou a bunda de alguém. E viva a meritocracia!
Mas não porque era o que queria fazer o resto da vida. Não tinha noção do que era isso.
E eu era boa. Se me esforçasse, era ótima. Mas tinha preguiça, os problemas não me comoviam, não pareciam desafios. Pareciam A COISA MAIS CHATA DO MUNDO.
Consegui bons empregos. E péssimos empregos também, quando o cinto apertou. Mas sempre conseguia. E depois pedia demissão, já partindo pra outro.
Uma vez foi por estresse. Outra, fui demitida.
Mas a verdade é que tinha data de validade curta, sempre.
Eu me sabotava, chegava atrasada, era rebelde com ordens restritas demais e com procedimentos que a meu ver não passavam de idiotices banais, formalidades imbecis.
Ou era a grana ruim, ou era a gerente mal-amada que infernizava minha vida, ou a empresa era uma pocilga que tratava os funcionários a chibatadas.
Mas o mais óbvio eu levei anos pra descobrir:
Eu não gostava do que fazia. Não importava em qual área.
Mas não é assim? Tem horas que o óbvio é tão estarrecedor que a gente se recusa a aceitar e põe a culpa nos pormenores.
Mas no turismo fiz grandes amizades e isso me segurava nos lugares. A amarga segunda-feira era menos amarga porque eu tinha amigos (e tive até namorado) no trabalho. Eu me protegia naquele círculo e ia levando.
E, sinceramente, na vida, nada que se "vai levando" é algo bom. Não mesmo.
E eu só me dei conta disso quando morei na Austrália por dois anos.
Lá, comecei como camareira e fui logo promovida ao setor de reservas de uma rede de hotéis (essa aqui). Fui fazer o que já fazia aqui no Brasil. Sem novidades no geral, mas com muito mais rigidez de processos, metas, avaliações, controles, burocracias e toda sorte de chatices que uma rede de hotéis pode inventar.
E o pior, sem amigos. As minhas colegas eram umas chatas de galochas e eu me sentia muito só. Era só eu e o trabalho, que, sinceramente, era de bater com a cabeça na parede. Pra completar, era o maior stress.
Eu só queria bater cartão. Só queria ver a grana na mão, não queria saber de mais nada. Tipo: "Não me enche. Eu só trabalho aqui".
Era calada, na minha, fazia o que tinha que ser feito e pronto. Era uma máquina vestida de uniforme, olhando pra tela do computador e atendendo telefone o dia todo. Chato? Nem te conto.
Feliz era terminar o dia, entrar no bonde rumo ao meu apê na beira da praia. Todo o resto era lindo!
E descobri como essa rotina é infeliz e o quanto ela faz nos sentirmos vazios. E o quanto é triste viver assim. E vi que o problema não eram os lugares.
O problema era eu.
E tive que reinventar a roda, repensar, ir no começo, reavaliar as escolhas burras pra não cometê-las de novo.
Psicologia não. Quero ir mais fundo.
Medicina. Psiquiatria.
Gosto de ouvir os outros, gosto de entender, analisar, de trabalho dinâmico, de ver gente, de lidar com gente (sou boa nisso), gosto de saber o que se passa no organismo que torna a cabeça refém dele.
É isso que quero pra mim.
Tenho náuseas de pensar em escritório, cliente, hóspede, tarifa, passagem aéreas, pacotes, vender, emails, uniformes, treinamento, telefone... Minhas têmporas vibram de pensar na vida que eu levava.
Acho que quando a gente é menos do que pode ser a gente é incompleto, infeliz, sempre parece ter algo faltando.
E descobri que nosso lugar verdadeiro é perto do que a gente gosta.
Tem seu preço (sei bem disso) mas estou disposta a pagar.
Vai valer a pena.

domingo, 16 de janeiro de 2011

vou ali

porque saí de mim.
Volto em breve.
Tenho coisas a serem curadas, outras a serem planejadas, outras tantas nas quais não preciso pensar (e me convencer disso).

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

as vantagens em ser idiota

Argumento do vizinho vendendo um lote repleto de árvores nativas:
"Aqui não é zona rural não, pode derrubar o quanto você quiser."
Vimos depois que foi isso que ele fez com o lote dele.
Virou um "morro do careca", onde o sol frita o chão vermelho, com vista pra estrada (e a estrada com vista pra ele, lógico). E achou vantagem.

Enquanto isso, eu fico aqui juntando mudinhas, sementes, enchendo vasinhos de esperança, pra fazer da minha nova casa um matão, um jardim tropical exuberante.

E pra quê o cara vem morar no mato se ele curte mesmo é um chão azulejado?


Aí vem a conversa com o embalador do supermercado:

"Não precisa de sacola, moço, eu trouxe as minhas, pode colocar tudo aí."
"Quê? Aproveita as de plástico, viu? Vai acabar em fevereiro. Até as biodegradáveis foram proibidas."
Como assim "aproveita"? Porque brasileiro acha que sacola é brinde? Desde quando é bom? Bom pra quem?

Enquanto isso, eu fico aqui carregando, sem esforço algum, sacolinhas de pano que dobro pequenininhas e levo na bolsa e no porta-malas do carro.


Conversa com um conhecido aqui em casa:
"Pra quê vocês juntam as garrafas?" (quando viu garrafas de vidro, pet e papel separados)
"A gente separa o lixo reciclável e quando vamos a BH, deixamos coleta seletiva"
"Mas ganha alguma coisa?"
...
Fiquei alguns segundos sem conseguir responder.
Pensei nos milhares de significados para a expressão "ganhar alguma coisa com isso".
Cheguei à conclusão que o que ele queria dizer era "levar vantagem".
Acabei respondendo que não.
Ele fez aquela cara de que não entendeu meus motivos pra perder tempo com algo que não resulta em "vantagem" nenhuma.
Enquanto isso, ajo sem almejar levar vantagem.
Me sinto extremamente bem em fazer as coisas do jeito certo - pensando num bem maior, a longo prazo, etc.

Então. Qual a vantagem em ser um idiota?
Certamente, a alienação e a burrice devem ser libertadoras.
Não há que se preocupar com nada além do próprio umbigo!

Deve ser isso.

domingo, 9 de janeiro de 2011

dia 15

Ansiedade de matar.
Tem hora que parece um trem me esmagando e fica difícil respirar.
Vou conseguir? Não vou?
Eu só queria a resposta.
Só pra saber que ano é esse de 2011 que comemorei a chegada, mas sem saber do quê exatamente.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

foi assim


Descobri o seguinte:
Você nunca vai mudar se não mudar.


... pausa para reflexão linguística-filosófica se necessário for...

A começar pelas atitudes.

Não dá pra reclamar de ter os mesmos problemas se as atitudes são as mesmas.

Isso serve pra mim.

E pronto.