quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

o navio, as caixas e a arte de combinar roupas

Pois bem.
Lembram da história do container?
Sim, sim. Juntamos nossos trapinhos e bagulhos mais estimados, colocamos em 40 caixas e pagamos uma pequena fortuna pra serem trazidos ao Brasil de navio.
Deixamos a Austrália no final de setembro com uma mala de 20Kg cada um, contendo uma apuradíssima seleção de roupas supostamente suficiente pra dois meses, até a mudança chegar.
Enquanto isso eu me divertia horrores gastando mais algumas centenas de reais em cartório, autenticando tudo que se pode imaginar que existe de documentos e declarações de toda sorte. Tudo pra garantir que a gente não se enrolasse na balela burocrática da alfândega quando a carga chegasse.
A lenda do contrato dizia que chegaria aqui na segunda quinzena de NOVEMBRO, no porto do RJ e que tudo (tudo=total, certo?) ja estava incluso no valor que pagamos a cia transportadora.
Mas a fábula do não-acredite-em-tudo-que está-escrito confirmou que o bendito navio só chegou quase UM MÊS DEPOIS em Santos e com ele a cobrança de mais alguns milhares de dinheiros para custear coisas inimagináveis que se cobra pra tramitar um container num porto, além de mais algumas autenticaçõezinhas e documentozinhos pra liberar a carga de Santos pro RJ.
Enquanto isso, eu ja gastei meu repertório de combinações das roupas, e já nem lembro mais das coisas que estão pra chegar. Me pego frequentemente saudosa, lembrando de uma panela, uma blusa ou daquele jogo de toalha...
A família ajuda com doações e a gente monta a casa, eu peço dinheiro de presente aos meus familiares pra comprar roupas, lavo roupa três vezes por semana e fico felicíssima porque ganho uma baby look usada.
Aí a carga fica presa um mês em Santos, pois no inventário constavam CAIXAS, mas o que chegou é uma grande armação de madeira (com as caixas dentro!). Até explicar isso...
Semana passada a fdp*&^%$@#@!$^& carga chega no RJ. Eu esboço alguma felicidade.
Mas agora tem a alfândega = quinze dias ÚTEIS pra liberar.
Aí agora depende do fiscal.
Ninguém quer ouvir essa frase - depende do fiscal.

Não aqui, nesse Brasil varonil. A terra da eficiência.
(e em fevereiro, tem carnaval.)
Um calafrio me percorre a espinha e minhas pálpebras vibram descontroladamente.
Sacou o drama?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

29

Estréia hoje!
Primeiro dia de 29.
Igual vestir roupa nova.
Muita coisa começa hoje... Muita!!!


E viva eu!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

isso aqui, ôô...

Esqueci de contar esse caso. Aconteceu mês passado.
Fui levar o cachorro ao veterinário. Dirigia por uma ladeira estreita (em curva) de mão única, quando chegando no final da rua, imaginei:
-Já pensou se vem algum idiota na contra mão?
...
Gentem, queria eu que fossem os números da mega-sena que tivessem passado pela minha cabeça.
Vem o próprio idiota. Despretensiosamente, e ainda falando ao celular. Freia, olha pra minha cara mas continua no celular.
Não passam dois, então ALGUÉM TEM QUE VOLTAR DE RÉ! O manual diz que quem tá na contra mão, se não bateu, que se vire pra voltar.
Eu paro, olho pro céu, faço batuque no volante, ajeito o cabelo olhando no retrovisor e, cansada de esperar que ele engate a ré, olho fundo na cara do sujeito.
Ele enfim dá ré no carro, falando ao celular.
Avancei à medida que ele saía da minha frente e segui.
Ele espera no cruzamento, travando todo mundo, desliga o celular e faz cara feia.
Quando passo ao lado dele, ele manda essa de dentro do carro:
- Por nada viu??
...
Vi pelo retrovisor que ele voltou e seguiu pela mesma contramão.

Olha, eu nem perco mais meu tempo pensando porque é que temos que viver nesse trânsito adorável...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

não se deprima

Aquele bichinho que morde a gente na véspera do aniversário não me pega, mesmo.
Ainda faltam alguns dias pro 25 de janeiro chegar com os meus 29, então resolvi falar disso.
Não sinto nada diferente não. Calafrios, zonzeira, confusão mental, icterícia, espinha no nariz, visão turva... Essas coisas das quais reclamam 99% das pessoas quando a data querida se aproxima. A tal crise dos aniversários...
Penso que o tempo passa igual pra todo mundo, que estamos TODOS envelhecendo, inclusive seu sobrinho guti-guti que nasceu no fim-de-semana. Sim, inclusive ele, está aí à mercê do passar das horas, igualzinho a mim e a você.
Ainda não conheci ninguém que estivesse rejuvenescendo, alguém que andasse pra trás na linha da vida até você trombar com ele por aí, compartilhando a experiência de reaprender a fazer xixi na fralda e meses depois um embrião... Deixa pra lá.
Enfim, acho uma imensa baboseira essa reflexão pra lá de cansativa do "é, estou ficando velho". A humanidade não muda esse disco. É a reclamação mor da vida, acho. É tão inútil e vazio quanto reclamar que a chuva vem de cima.
E me cansam essas reflexões inúteis. O pior é que, como tudo, a gente aprende isso por repetição, porque crescemos vendo as pessoas ao nosso redor repetindo a mesma bobagem.
Eu penso, na véspera do meu aniversário, em como aproveitar cada vez melhor o tempo.
Porque fora o fato de que meus cabelos estão ficando brancos num ritmo galopante, por mim tá tudo bem que o tempo passe.
Eu não consigo mais dar cambalhotas nem colocar os pés atrás da cabeça, mas aprendi a usar melhor meus neurônios. É de mais utilidade que as cambalhotas, garanto. Não tenho esses saudosismos não... E se todos fôssemos contabilizar, a lista dos "aprendi a" seria infinitamente maior do que a dos "não consigo mais".
Mas ninguém pensa nisso, pois todo mundo prefere reclamar.
A maior tolice é acreditar que vamos morrer de velhice, e por isso vamos vivendo a vida de maneira tão comedida, pequena, reclamando mais que realizando.
E acho mesmo que muita gente por aí deveria se ocupar de preencher seus dias com mais feitos positivos do que com lamentos. É o que eu me desejo sempre no meu aniversário.
Porque do tempo que nos resta, sabemos muito pouco.

"(...)Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo..."
Oração ao Tempo. Caetano Veloso

:) aquela que envelhece sem pestanejar

Nat

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

a idade das calças

Olha, hoje estava tão calor, mas tão insuportavelmente alto forno mode on, que comecei a delirar.
...
Imaginei que daqui a alguns poucos anos os professores ensinarão nas aulas de geografia que nesta década atual as pessoas ainda saíam de casa usando calças em pleno verão, que essa ainda era a época das calças, dos ternos e afins, que ainda era comum o sacrifício de usar tais vestimentas.

Acho que vai acontecer da mesma forma que se deu com os espartilhos, as ciroulas, os vestidões armados, as toucas pra dormir e as peruconas brancas.
Falta pouco (na verdade tá quase!) pra chegar o dia em que se tornará tarefa impossível trajar calças nesse calor insano.
Assim, não vai ter mais sentido, entende?

Por isso começo já a trocar meu guarda-roupa. Corto as pernas das calças, moleton vai virar flanela de tirar pó, meias pra quê?

Eu estava de calça jeans e regata enquanto tentava, meio zonza, dirigir.
Mas eu juro, eu sentia como se vestisse moleton e pantufas enquanto tomava uma canja quente.

Pode ir anotando aí que você vai contar ao seu neto, diante dos olhos esbugalhados dele que na sua época você ia trabalhar de calças.
E que terno na versão shortinho era coisa i-ni-ma-gi-ná-vel.



Me abana!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

feliz ano velho!

Um champagne estourou antes da hora, por descuido nosso. E foi uma salva de -
uuuuuu, êêê mané!Ainda nem deu meia-noite!!! Desperdiçando aê!
Mas logo a seguir todos aderiram a minha ideia de brindar 2009. E não houve quem não quis erguer as taças em nome de qualquer coisa boa que veio do ano velho!
Teve assunto o brinde! Teve conteúdo, demorou!
Foi bem melhor que brindar o que ainda ia começar...

Meu ano velho foi FELIZ!!!

Meu ano novo começou com uma caganeira sem fim. Isso significa alguma coisa? Ai, nem quero pensar...

Sem muitas previsões, prefiro ir à luta!