segunda-feira, 30 de julho de 2012

a descontinuação

Poisintão.
O segundo semestre começou, mas eu não.
O dia amanheceu e eu ainda não.
Tipo, o barco partiu comigo dentro, mas ainda não calcei os sapatos, quiçá fiz as malas.
Precisa de mais exemplos?

Sei  não, mas tô indo.

Ainda bem que a terapeuta me aceitou hoje e não vou precisar esperar até quarta.

Que manhã comprida, meu deus!

terça-feira, 24 de julho de 2012

pra não ficar que nem ocê

Me abana, porque foi essa resposta que dei a uma pessoa que veio me dizer, num humor sarcástico-venenoso: "Mas cê tá estudando demais, devia estudar menos, pra quê estudar desse tanto?"
ESTUDAR MENOS!!!!! Veja bem... Pense bem nisso...
Como se você estivesse pelejando pra emagrecer, por exemplo, e eu mandasse: "quê isso, dá uma folga, não faz mal um brigadeirozinho..." Cara, isso é veneno puro, ainda que acompanhado da vil desculpa de que "estou pensando no seu bem, pois gosto muito de você". 
Me convenço cada vez mais que amar é pretexto pra cada coisa...
Nessa minha empreitada, já ouvi de tudo, e por isso ando me blindando. As piores, ou mais cruéis observações, claro, foram disparadas por aqueles que mais me são caros.
"Você podia aproveitar que está fazendo estudando e fazer um concurso"
"Por que você não tenta outra coisa?"
"Não se esqueça, se não der certo, estou aqui, pro que você precisar"
"Por que você não faz uns bicos?"
E, claro, não dá (ou, leia-se que eu sou uma plasta mesmo) pra responder a essas marmotas: "Por que vocês não ficam calados? Ajudariam mais assim."
Mas essa daí, do título, saiu espontaneamente. Não me orgulho dessas reações não, até porque, conhecendo meu gado, antevi e se confirmaram as repercussões. Fui ridicularizada assim que virei as costas. Normal. 
Mas ó, que se dane. A gente não mexe com quem está quieto. E conselho, se não for solicitado, é intromissão. 
Sou do tipo diplomático, que pensa muito antes de falar, não gosto de polemizar e evito conflitos a todo custo. Mas ao que me parece, a vibe do saco cheio se instalou. Foi enchendo, desde criancinha. 
O que senti, depois que disparei isso, foi como se tivesse vomitado. As palavras pularam da minha boca, tão logo meus ouvidos detectaram a baboseira. E... "paf!" acertaram em cheio no feridão. Deve ter doído.
Ô se deve.

Poisintão. Deixo aqui algumas palavras de Contardo Calligaris, à Folha do dia 12/07("Os outros que ajudam (ou não)"), que refletem bem essa pendenga:

"(...) Por que os próximos da gente, na hora em que um reforço positivo seria bem-vindo, preferem nos encorajar a trair nossas próprias intenções?
Há duas hipóteses. Uma é que eles tenham (ou tenham tido) propósitos parecidos com os nossos, mas fracassados; produzindo nosso malogro, eles encontrariam uma reconfortante explicação pelo seu.
Outra, aparentemente mais nobre, diz que é porque eles nos amam e, portanto, querem ser nossa exceção, ou seja, querem ser aqueles que nós amamos mais do que nossa própria decisão de mudar. Como disse Voltaire, "Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu"."

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"(...) a gente cai sempre (...)"

Férias.
Estava assistindo agora há pouco o Saia Justa, cuja pauta era... piriguetes.
Tentavam desvendar, analisar, entender os porquês do "movimento". Achei interessante, porque pareceu uma análise de uma nova descoberta, mas daquelas que trazem mais questionamentos que respostas.
Concordo com Xico Sá, que disse que elas sempre existiram.  
Lembrei de um artigo de Mona Chollet, na Le Monde do mês passado: "As mães e as putas estão de volta". Ela falava que na impossibilidade, ou na dificuldade de vencerem na vida por meio da batalha diária que mistura intelecto e brigas de foice no mercado de trabalho, muitas mulheres recorrem às mais primitivas ocupações: simplesmente como mães ou como prostitutas. Ela fala da sedução e da maternidade enquanto dons inatos da natureza feminina, apresentando-se em muitos redutos como alternativas que tragam realização pessoal. (Qualquer semelhança com Bruna Surfistinha e a alta natalidade em favelas não é mera coincidência então).
Mas peraí, sem julgamentos de propósitos, não vim aqui pra isso, ok? Cada um (ou uma) é feliz do jeito que quiser e pronto. Não tenho nada com isso, nem você.
É nessa lógica que queria também discutir piriguetismo... Enquanto ferramenta feminina.
Fato é que mulher consegue o que quer. Não restam dúvidas.
Outro fato, muito confirmado, é que "homem tá difícil" (mas não quero entrar na discussão deste tópico específico). Porque, peraí, não dá pra discutir piriguetes sem discutir relacionamentos. Ou você acha que o aumento da piriguetagem varia proporcionalmente ao quadrado do desmatamento e inversamente propocional à crise das bolsas européias? Que nada.
O que vejo, na verdade, é mais uma das macaquices femininas pra... adivinhem? Conseguirem o que querem! Atire o primeiro sutiã quem discordar de que mulheres são exímias nas artes do disfarce, da dissimulação, do bote, da camuflagem, das teias, emboscadas, etc etc etc. Mulheres são autoras das mais engenhosas farsas, sejam visuais (aquela bunda é obra da calça) ou sejam comportamentais (Maria Madalena ou Lilith?). Tudo isso pra chegar onde desejam loucamente, seja festa de casamento, gravidez, promoção, cruzeiro, free shop ou decoração nova pra sala. E, obviamente, isso não seria diferente se o assunto é arrumar um bofe pra chamar de dela.
Mulheres são virtuosas em afirmar não querer aquilo que mais desejam, da maneira mais convincente possível. Então, homens, (tolinhos!), acreditam mesmo que aquela moça de família fantasiada de pinup só que sexo, só quer diversão, não quer nada sério. Eles acreditam nisso!
Eles vão atrás daquele mar de silicone, se embrenham na chapinha, acreditando que estão no controle da situação.
Enfim, acho mesmo, à revelia de qualquer feminista de plantão, que elas atraem a presa com a promessa de infinitos e fantásticos momentos eróticos enquanto afirmam: "Não quero nada sério".
A sapiência de Freud afirmou que "Entre o sim e o não de uma mulher eu não atreveria a espetar um alfinete". Você arrisca?

Assistam à reprise do programa se discordarem, e pasmem ao ouvir o depoimento de Xico Sá, que desabafou, pois havia "perdido"uma piriguete, e bem... assistam!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

um show

Estávamos assistindo um documentário no Globonews sobre Jorge Ben, quando, em um dos shows mostrados (1982), ele chamava Gal ao palco. Ficou claro logo de cara o improviso do momento.
Ela se levanta da platéia e sobe, sorridente. Linda, cabeluda, com uma roupa simplérrima, e deslumbrantemente sensual.
É, tinha algo mesmo que irradiava sensualidade nela, nos trejeitos, na fala, no canto absolutamente improvisado. A autoconfiança, a alegria, a espontaneidade.
E não tinha mesmo como não se maravilhar com a cena. Era uma coisa naturalmente magnética. 
Era isso, pensei.
Rodrigo brincou, dizendo:
"Naquela época tudo era muito doido". 
Sim, devia ter mesmo uma liberdade meio maluca no ar, mas talvez não fosse só isso...
Acho mesmo que tudo, incluindo - paradoxalmente - os espetáculos, tinham muito de simplicidade. E isso me deixa maravilhada, mesmo.
Eram poucos os equipamentos, as maquiagens, e quase desconhecidos os truques de imagem e som que hoje banham nossos sentidos, ao ponto do entorpecimento enjoativo. Mas eram shows de talentos de verdade. Esse era o propósito do show. Óbvio, mas esquecido, não?
Nossos olhos andam muito acostumados ao HD e afins, mas tanto, que cenas assim nos despertam de alguma forma.
Parece que chegamos àquele ponto grotesco das ficções científicas em que os personagens do futuro não reconhecem o que não for artificial, da comida à comunicação, se é que me entendem...
Tente imaginar uma mulher linda: sem silicone, sem lipo, sem "aplicações", sem toneladas de rímel, sem "definitiva", sem luzes, sem grifes pra estampar. Ela não é produto de indústria nenhuma, não é garota propaganda de nada. Ela existe sim, mas em poucos recantos.
Agora reflita: Quem é ela? Está na capa de alguma revista? 

Então. Somos capazes ainda de reconhecer a beleza? Será?