sábado, 29 de janeiro de 2011

2010, o ano que não terminou?

Quando a gente inicia um ano com um plano que não se concretiza, significa que ficamos agarrados no ano passado como na fila do banco, às 15:59, sem saber se seremos atendidos?
Tomara que não.
Porque o ano começou, mas eu não.
Eu tive que parar (e ainda estou parada) pra repensar estratégias para que meu plano aconteça.
E meu plano, sem demagogia, é foda. Foda de acontecer e foda de levar adiante.
E mais foda ainda porque outro dia completei trinta anos.
E a situação "casada-estudante-30anos" não é moleza não. A não ser que você seja a mais tranquila ou a mais encostada da década. Me cobro por não trabalhar, e muito.
Foda? Foda!
Mas o escolhi pra ser meu plano porque acho que me dará um FUTURO. Não um futuro de fotos na Caras, nem de milhões no banco, nem de vencer o BBB nem dar um golpe na Receita.
Decidi ser médica.
...
Pausa para os médicos desiludidos se mijarem de rir.
...
Pronto, chega.

Passei 2010 estudando. Tentei um vestibular em julho e, agora, o Enem (ou "ah, nem"). Não deu. Passou perto, mas não deu.
Ps:
Sinta-se ofendido se, por ironia (ou felicidade minha), você, leitor, é o cretino insolente que corrigiu minha redação e me deu uma nota mais cretina que a vaca que te colocou no mundo. Seu pai deve ter dado a ela a mesma nota, na noite em que copularam e o mundo provou o amargor de ver você surgir e se tornar um professorzinho recalcado xumbrega, querendo descontar suas desilusões em alguém.
Gostaria de explicações para a nota que me derrubou, mas jamais vou encontrá-las, então... ema ema, né? Logo... tenho o direito de ser desaforada, e pronto.
Voltando ao plano.
Me formei em turismo, sempre trabalhei na área. Mas, pausa.
Me formei em turismo depois de ter cursado um ano de jornalismo. Ninguém merece ser jornalista, eu muito menos (por vááárias razões), embora tenha paixão por ler e escrever.
Larguei o curso pra fazer psicologia, mas caí na besteira que todos fazemos algum dia: dar ouvidos demais à conversas do tipo: "Faz isso não minha filha, olha o tanto de psicólogo desempregado, fudido que tem por aí...".
Pra colocar a cereja no sundae da idiotice, fiz turismo. Por números motivos que nem vou listar, mas certamente, $$$ não era um deles. Até porque os caras (a maioria!) que mais ganham no turismo não passaram nem na porta da universidade... Mas alisaram a careca, ou a bunda de alguém. E viva a meritocracia!
Mas não porque era o que queria fazer o resto da vida. Não tinha noção do que era isso.
E eu era boa. Se me esforçasse, era ótima. Mas tinha preguiça, os problemas não me comoviam, não pareciam desafios. Pareciam A COISA MAIS CHATA DO MUNDO.
Consegui bons empregos. E péssimos empregos também, quando o cinto apertou. Mas sempre conseguia. E depois pedia demissão, já partindo pra outro.
Uma vez foi por estresse. Outra, fui demitida.
Mas a verdade é que tinha data de validade curta, sempre.
Eu me sabotava, chegava atrasada, era rebelde com ordens restritas demais e com procedimentos que a meu ver não passavam de idiotices banais, formalidades imbecis.
Ou era a grana ruim, ou era a gerente mal-amada que infernizava minha vida, ou a empresa era uma pocilga que tratava os funcionários a chibatadas.
Mas o mais óbvio eu levei anos pra descobrir:
Eu não gostava do que fazia. Não importava em qual área.
Mas não é assim? Tem horas que o óbvio é tão estarrecedor que a gente se recusa a aceitar e põe a culpa nos pormenores.
Mas no turismo fiz grandes amizades e isso me segurava nos lugares. A amarga segunda-feira era menos amarga porque eu tinha amigos (e tive até namorado) no trabalho. Eu me protegia naquele círculo e ia levando.
E, sinceramente, na vida, nada que se "vai levando" é algo bom. Não mesmo.
E eu só me dei conta disso quando morei na Austrália por dois anos.
Lá, comecei como camareira e fui logo promovida ao setor de reservas de uma rede de hotéis (essa aqui). Fui fazer o que já fazia aqui no Brasil. Sem novidades no geral, mas com muito mais rigidez de processos, metas, avaliações, controles, burocracias e toda sorte de chatices que uma rede de hotéis pode inventar.
E o pior, sem amigos. As minhas colegas eram umas chatas de galochas e eu me sentia muito só. Era só eu e o trabalho, que, sinceramente, era de bater com a cabeça na parede. Pra completar, era o maior stress.
Eu só queria bater cartão. Só queria ver a grana na mão, não queria saber de mais nada. Tipo: "Não me enche. Eu só trabalho aqui".
Era calada, na minha, fazia o que tinha que ser feito e pronto. Era uma máquina vestida de uniforme, olhando pra tela do computador e atendendo telefone o dia todo. Chato? Nem te conto.
Feliz era terminar o dia, entrar no bonde rumo ao meu apê na beira da praia. Todo o resto era lindo!
E descobri como essa rotina é infeliz e o quanto ela faz nos sentirmos vazios. E o quanto é triste viver assim. E vi que o problema não eram os lugares.
O problema era eu.
E tive que reinventar a roda, repensar, ir no começo, reavaliar as escolhas burras pra não cometê-las de novo.
Psicologia não. Quero ir mais fundo.
Medicina. Psiquiatria.
Gosto de ouvir os outros, gosto de entender, analisar, de trabalho dinâmico, de ver gente, de lidar com gente (sou boa nisso), gosto de saber o que se passa no organismo que torna a cabeça refém dele.
É isso que quero pra mim.
Tenho náuseas de pensar em escritório, cliente, hóspede, tarifa, passagem aéreas, pacotes, vender, emails, uniformes, treinamento, telefone... Minhas têmporas vibram de pensar na vida que eu levava.
Acho que quando a gente é menos do que pode ser a gente é incompleto, infeliz, sempre parece ter algo faltando.
E descobri que nosso lugar verdadeiro é perto do que a gente gosta.
Tem seu preço (sei bem disso) mas estou disposta a pagar.
Vai valer a pena.

3 comentários:

Jose Ramon Santana Vazquez disse...

...traigo
sangre
de
la
tarde
herida
en
la
mano
y
una
vela
de
mi
corazón
para
invitarte
y
darte
este
alma
que
viene
para
compartir
contigo
tu
bello
blog
con
un
ramillete
de
oro
y
claveles
dentro...


desde mis
HORAS ROTAS
Y AULA DE PAZ


COMPARTIENDO ILUSION
NAT

CON saludos de la luna al
reflejarse en el mar de la
poesía...




ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE ALBATROS GLADIATOR, ACEBO CUMBRES BORRASCOSAS, ENEMIGO A LAS PUERTAS, CACHORRO, FANTASMA DE LA OPERA, BLADE RUUNER ,CHOCOLATE Y CREPUSCULO 1 Y2.

José
Ramón...

Mercia Silqueira disse...

Querida!
Me emocionei muito com seu post... e nem preciso falar que me identifiquei totalmente né!! Vai dar certo, fica tranquila, levanta engole a tristeza e começa de novo, daki há um tempo vc vai ter muito orgulho disso, e todos a sua volta tb!!
Beijokas

Patricia disse...

Ah
adorei seu post... sua história e o jeito com que vc retratou tudo isso...

Parabéns!!!!!!
Já estou seguindo

Nunca é tarde para nada...estou torcendo por vc