sexta-feira, 25 de abril de 2008

Quem se perdeu na tradução e porquê

Vou explicar...Tem esse filme da Sofia Coppola, que originalmente se chama "Lost in Translation". No Brasil teve, pra variar, seu título ridiculamente traduzido prá "Encontros e Desencontros" (aff!).
Num comentário ligeiro, o filme conta sobre um astro cinquentão do cinema americano e uma moça de vinte e poucos anos, ambos hospedados num hotel cinco estrelas em Tóquio (desses bem grandes, frios e impessoais, como só alguns hotéis conseguem ser). Independente dos motivos que os fazem hóspedes daquele lugar, eles também passam por um período de crise, desses típicos, quando a gente fica perguntando: "E aí, e agora?". Além disso, eles também partilham da sensação de deslocamento por experimentar as diferenças daquela cultura tão peculiar, numa cidade, eu diria, no mínimo esmagadora, que parece ser.
Bom... o filme é fantástico e as atuações do Bill Murray e da Scarlet Johanson (sou fã dela mesmo!) são brilhantemente humanas. Recomendo sem pestanejar. A Sofia Coppola também é f... . Mas o que mais me fez "acender a luzinha" no alto dos meus pensamentos foi o título do filme...Aí vai o porquê: Quando a gente está num país cujo idioma não é o nosso de origem (o que eu vivencio há cinco meses), não importa o quanto o nosso "domínio da língua" seja eficiente. Isso porque existe mesmo, como a Srta Coppola sugeriu, algo que se perde na tradução. Minha experiência aqui assina embaixo dessa sugestão. Quando conto um caso qualquer, sinto que tem algo na mensagem que não passou pro lado de lá (de quem ouve) como gostaria, seja em intensidade ou realismo, sei lá. Gasto, desperdiço, na verdade, meus recursos adjetívicos (pff!), metafóricos, gestuais (que acreditem, só o Brasileiro sabe usar com tanta habilidade, falarei sobre isso num outro tópico também)... e nada! Sempre fica aquela maldita sensação de que a coisa não foi bem contada. Eles entendem o caso em si, a idéia geral (nos cursos de inglês dizem ser isso o que importa... Sei não...), mas tem um punhado de coisas que ficam presas no filtro das diferenças culturais, aposto que sim.Você sente como se tivesse falhado, dá aquela pontinha de frustração (tipo: "Pôxa, era um caso interessante, um comentário intrigante...").
Acho que esse era o algo que se perde na tradução. Sensações e significados. No fundo o filme é sobre isso também.Esse blog é sobre isso também... falar e ser entendido, ou pelo menos lido, porquê, se que lê capta a mensagem, gosta ou desgosta, não importa. O legal é ser diminuir essa distância, compartilhar o que se passa na minha cabeça, entre nuvens e caraminholas, sem perdas na tradução.
Beijos e obrigada pela leitura!
Nat

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