segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sobre mulheres e liberdades

Sutiãs queimados e cá estamos nós, mais enlouquecidas do que nunca.
Numa das abas do meu navegador está a gloriosa Julia Petit, com preciosíssimas dicas de maquiagem e cabelo. Na outra, o jornal do dia. Na terceira, um blog de literatura. Na minha lista aqui à direita temos de Arte a Unhas, e pronto. Vide o mesmo ecletismo da minha estante de livros, minha gaveta de cds, meus elepês e o cesto de revistas do banheiro. Medicina e piano ainda farão parte da minha vida. A miscelânea sou eu.
Só não me venha com bebês. Já disse e repito.
Fui outro dia compelida a matutar sobre esse assunto por ocasião de uma redação no cursinho, que pedia pra abordar a questão da sobrecarga feminina. Esse papo de "ter que ser" mãe, esposa, filha, amante, amiga, meretriz, enfermeira, profissional, e ainda por cima, belíssima se for possível. Façam-me o favor. Esse papo não cola não. 
Voltando aos sutiãs... Livres? Quem, filha, onde??? 
Vamos estudar então, vamos trabalhar, vamos empinar os narizes e ocupar tudo! E fomos, e vamos. Para o alto e avante. Coitadas...
O negócio ficou feio quando não deu mais pra recusar algum papel, sob pena de ser esculachada, tachada de milhares de coisas pejorativas.
O anticoncepcional, por exemplo, permitiu às coitadas postergarem um pouco a maternidade, em função de outras coisas, tipos carreira e tals. Mas cisma de dizer que num quer ser mãe não... As piores críticas virão de mulheres, pode crer. Homens também não economizam no levantar surpreso das sobrancelhas. Penduram no seu pescoço uma etiquetinha: "egoísta", "mulher-monstro".
Na outra ponta da linha, experimente ser mãe, tendo a maternidade como principal ocupação. Lá vem mais etiqueta. "Só mãe". "Acomodada".
E por aí vai, o cordão das coitadas só aumenta, de acordo com as escolhas. Poisé. Como assim, liberdade então? Se ao negarmos um ou outro papel, face à promessa de que podemos "ser tudo o que quisermos", damos a mão à palmatória da sociedade? Que liberdade é essa?
A realidade é que não é possível ser tudo isso e aquilo. Algo vai sair desconjuntado. O filho não vai ser criado direito, a carreira vai desgringolar, o marido vai embora na ventania, as noites de sono são pesadelo, o cabelo cai loucamente. 
Outra verdade é que cumprir papéis socialmente preestabelecidos não rima com liberdade.
Logo, queridas, esse papo de que ganhamos o mundo é pura mentirinha. Ganhamos o peso do mundo pra carregar sorrindo. 
Assim como são raras as pessoas que realmente fazem o que querem, mais raras ainda são as mulheres livres de verdade. Conheço algumas, memoráveis. Fazem o que querem e são felizes assim, independentemente do que forem suas escolhas e das críticas que ouvem.
Têm elas uma beleza radiante e etérea. Bate um vento e lá estão elas em pleno domínio de suas liberdades.
Vou tentando ser assim, desde pequenininha. 

Um comentário:

Marcia Franco disse...

Lindinha... continue assim, como que vc sempre foi, desde pequenininha, que eu sei bem. E amo vc assim.
Bj da sua mamys.