terça-feira, 24 de julho de 2012

pra não ficar que nem ocê

Me abana, porque foi essa resposta que dei a uma pessoa que veio me dizer, num humor sarcástico-venenoso: "Mas cê tá estudando demais, devia estudar menos, pra quê estudar desse tanto?"
ESTUDAR MENOS!!!!! Veja bem... Pense bem nisso...
Como se você estivesse pelejando pra emagrecer, por exemplo, e eu mandasse: "quê isso, dá uma folga, não faz mal um brigadeirozinho..." Cara, isso é veneno puro, ainda que acompanhado da vil desculpa de que "estou pensando no seu bem, pois gosto muito de você". 
Me convenço cada vez mais que amar é pretexto pra cada coisa...
Nessa minha empreitada, já ouvi de tudo, e por isso ando me blindando. As piores, ou mais cruéis observações, claro, foram disparadas por aqueles que mais me são caros.
"Você podia aproveitar que está fazendo estudando e fazer um concurso"
"Por que você não tenta outra coisa?"
"Não se esqueça, se não der certo, estou aqui, pro que você precisar"
"Por que você não faz uns bicos?"
E, claro, não dá (ou, leia-se que eu sou uma plasta mesmo) pra responder a essas marmotas: "Por que vocês não ficam calados? Ajudariam mais assim."
Mas essa daí, do título, saiu espontaneamente. Não me orgulho dessas reações não, até porque, conhecendo meu gado, antevi e se confirmaram as repercussões. Fui ridicularizada assim que virei as costas. Normal. 
Mas ó, que se dane. A gente não mexe com quem está quieto. E conselho, se não for solicitado, é intromissão. 
Sou do tipo diplomático, que pensa muito antes de falar, não gosto de polemizar e evito conflitos a todo custo. Mas ao que me parece, a vibe do saco cheio se instalou. Foi enchendo, desde criancinha. 
O que senti, depois que disparei isso, foi como se tivesse vomitado. As palavras pularam da minha boca, tão logo meus ouvidos detectaram a baboseira. E... "paf!" acertaram em cheio no feridão. Deve ter doído.
Ô se deve.

Poisintão. Deixo aqui algumas palavras de Contardo Calligaris, à Folha do dia 12/07("Os outros que ajudam (ou não)"), que refletem bem essa pendenga:

"(...) Por que os próximos da gente, na hora em que um reforço positivo seria bem-vindo, preferem nos encorajar a trair nossas próprias intenções?
Há duas hipóteses. Uma é que eles tenham (ou tenham tido) propósitos parecidos com os nossos, mas fracassados; produzindo nosso malogro, eles encontrariam uma reconfortante explicação pelo seu.
Outra, aparentemente mais nobre, diz que é porque eles nos amam e, portanto, querem ser nossa exceção, ou seja, querem ser aqueles que nós amamos mais do que nossa própria decisão de mudar. Como disse Voltaire, "Que Deus me proteja dos meus amigos. Dos inimigos, cuido eu"."

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