segunda-feira, 9 de julho de 2012

um show

Estávamos assistindo um documentário no Globonews sobre Jorge Ben, quando, em um dos shows mostrados (1982), ele chamava Gal ao palco. Ficou claro logo de cara o improviso do momento.
Ela se levanta da platéia e sobe, sorridente. Linda, cabeluda, com uma roupa simplérrima, e deslumbrantemente sensual.
É, tinha algo mesmo que irradiava sensualidade nela, nos trejeitos, na fala, no canto absolutamente improvisado. A autoconfiança, a alegria, a espontaneidade.
E não tinha mesmo como não se maravilhar com a cena. Era uma coisa naturalmente magnética. 
Era isso, pensei.
Rodrigo brincou, dizendo:
"Naquela época tudo era muito doido". 
Sim, devia ter mesmo uma liberdade meio maluca no ar, mas talvez não fosse só isso...
Acho mesmo que tudo, incluindo - paradoxalmente - os espetáculos, tinham muito de simplicidade. E isso me deixa maravilhada, mesmo.
Eram poucos os equipamentos, as maquiagens, e quase desconhecidos os truques de imagem e som que hoje banham nossos sentidos, ao ponto do entorpecimento enjoativo. Mas eram shows de talentos de verdade. Esse era o propósito do show. Óbvio, mas esquecido, não?
Nossos olhos andam muito acostumados ao HD e afins, mas tanto, que cenas assim nos despertam de alguma forma.
Parece que chegamos àquele ponto grotesco das ficções científicas em que os personagens do futuro não reconhecem o que não for artificial, da comida à comunicação, se é que me entendem...
Tente imaginar uma mulher linda: sem silicone, sem lipo, sem "aplicações", sem toneladas de rímel, sem "definitiva", sem luzes, sem grifes pra estampar. Ela não é produto de indústria nenhuma, não é garota propaganda de nada. Ela existe sim, mas em poucos recantos.
Agora reflita: Quem é ela? Está na capa de alguma revista? 

Então. Somos capazes ainda de reconhecer a beleza? Será?

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