segunda-feira, 26 de julho de 2010

sobre quem você ama de verdade

Já reparou que no orkut e afins, todo mundo ama todo mundo?
Não importa há quantos séculos a fulana não se esforce pra ver sua cara, ou quanto vocês já se desentenderam e não fazem questão uma da outra. Não importa que você não esteja nem aí pra figura, ou que ela jamais te daria uma mãozinha num dia deprê.
Não importa mesmo, pois, nas teias virtuais sociais, todo mundo ama todo mundo.
Já percebeu? Dá uma reparada então em como as pessoas pesam a mão na hora de digitar elogios e declarações.
E por que? Eu me pergunto.
Por que diabos, pessoas que sei que não me amam (com certeza) escrevem melosamente que sou linda, incrível, que morrem de saudades de mim, e claro, ô! Me amam, como sou amada!
E tenho certeza que é assim com um monte de gente também.
Pra quê mentir, exagerar, dissimular? Pra manter grande a lista de amigos que na verdade nem são tão amigos assim? Pra mostrar o quê pra quem? Quando na verdade, na real, não somos tão intensos, tão presente, tão felizes e nem tão apaixonados assim. Quando nunca, nunca mesmo seríamos capazes de tal demonstração de afeto cara a cara.
Na minha infância tinha o tal do correio elegante (das antiga). Eu nunca entendi pra que servia aquilo. Você já tava ali no mesmo ambiente que a pessoa. Pra que mandar recadinho? Se não fosse pra falar pessoalmente eu simplesmente achava que o recado era dispensável. E se a figura era desafeto, era melhor nem olhar pra ela, quanto menos mandar bilhetinho discorrendo sobre meu desprazer em respirar o mesmo ar que ela. Vez ou outra recebia um de alguma amiguinha, (já antecedendo scraps): "Amiga, te adoro, + q D+! ". Lembro da preguiça em responder, pois, era óbvio, se eu não gostasse dela da mesma forma não seríamos amigas... dã! Mas, educadamente, eu retribuía outro confirmando. Aiai...
Mas voltando às redes embaraçosas...
Essa artificialidade de intenções, de exibicionismo barato, essa dissimulação pra manter o outro interessado na sua vida (à distância), essa necessidade de se sentir cercado, observado, seguido...
Isso não tem nada de relacionamento.
Pra mim, é só uma forma de manter o distanciamento sem se sentir só.
Uma enganação, que muitos, ávidos, aceitam de bom grado e retribuem da mesma forma.
Quando existem formas tão mais sinceras de expressarmos o que é inerente, verdadeiro, essencial. Não é digitando, garanto.


Nenhum comentário: