sábado, 23 de maio de 2009

Round here

Esse espaço aqui é pra ser meu e por isso tenho (até) o direito de escrever coisas sem sentido se eu tiver afim, certo? Coisas que eu possa achar ridículas depois ou que desagradem a meio mundo que vai ler, que vai discordar, torcer o nariz, vai abrir o bocão pra dizer: "Unh, mas ela tá muito isso, muito aquilo, assim assado, blábláblá..." Ahn, juro que se dane tem hora.
Eu não sou muito de dizer que se dane, mas cá pra nós, dá licença. Não, eu não vou ofender ninguém nem xingar a sua mãe, nem o vizinho e nem fazer declarações sobre a política internacional e nem dizer que a culpa da crise é sua. Meu post desaforado é muito educado, por sinal. Não sou de despejar desaforos por aí de graça. Ahn, não estou fazendo sentido? Sinto muito, mas nem tenho o tal assunto, a pauta, o tema. A gente nem sempre faz sentido, nem sempre é coerente e eu num assinei em lugar nenhum afirmando que eu só posso dizer coisas bacanas e com sentido sempre. Aliás, eu nem estou escrevendo aqui com o intuito de ser lida. Na verdade faça de conta que não estou aqui. Isso é só uma página e você pode ir pra próxima. Num tô nem ligando, viu? Sério, não vou levar pro lado pessoal. Sou só uma pessoa com tédio agora. Quem nunca sentiu tédio? E sobre o que a gente fala quando está com tédio? Sobre o tempo? Sim, tá chovendo bem fraquinho, é madrugada de sábado pra domingo. Uma dessas horas em que dá um buraco e a gente se sente só, tudo é silencioso e esquisito. Dessas sensações estranhas que a gente experimenta e que a gente acha que são só nossas, que ninguém mais iria entender ou jamais sentiu igual, pois são coisas só da nossa cabeça, que acontecem só aqui dentro e que fazem parte dos nossos labirintos. Parece que tudo vai acabar e dá a maior vontade de chorar, dá um aperto horroroso. E parece que tudo mais que existe está muito longe da gente. Eu costumo ir pra janela e ouvir o mundo quieto lá fora, enquanto na verdade eu é que estou quieta aqui dentro. Quando eu era adolescente e esses dias aconteciam, eu fechava a porta do quarto, colocava uma música e abria a janela, podia estar frio ou chovendo, os vizinhos brigando ou ouvindo sertanejo. Ficava ali olhando pro céu e o que mais tivesse no campo de visão. Não pensava em me matar, nem queria morrer, nem me achava feia e gorda, não pensava em mais ninguém. Eu até podia chorar, mas pensava só naquele instante. Não mudei muito nesse quesito introspecções. Acendia a luminária e era capaz até de encher páginas de um dos meus cadernos só com os achismos que me vinham na cabeça nessas noites. Ainda, da até medo o tal silêncio, mas é estimulante.
Mas como os tempos mudaram, eu vim pro meu cyberespaço, pensei num título pra isso aqui, coloquei os fones de ouvido e tocou Round Here do Counting Crows. Round here? Sim, por aqui. Não estou aqui dizendo como estou por aqui? Pronto.

(eu ia dizer sobre abrir a janela e olhar pra ela, e essa daqui não abre... E não é que um imbecil passou aqui do lado de fora nesse minuto e deu um soco na janela pra me assustar? Pulei da cadeira mas não me toquei de onde veio o barulho. Quando abri a persiana ele tava com a cara de idiota grudada no vidro tentando olhar aqui dentro, pra ver o meu susto, sei lá. Saí pela porta afora pra, finalmente, desaforar alguém, mas ele já não tava lá. Que pena. Ele deve ter ganhado a noite infeliz dele me dando esse susto)
Tá vendo? Não sou a única a fazer coisas inúteis sem sentido no meio da madrugada.

Na verdade vir pro computador foi um jeito de driblar a falta de sono. Mas ele já chegou. E a trilha sonora é Kozmic Blues, da Janis Joplin. Super-embalou meu sono...

e como ela dizia: "get it while you can"

Nat

Um comentário:

blogdofiote disse...

É isso Nat,...
O que precisa, se precisa? O que nos dá a honra do descarte, se nos dá? O que é a raiz se não há árvore? Para que a janela se não há espaço além dela? O que faz sentido se não há incoerência? Escrever sem ouvir o raspar do lapis, pintar sem sentir cheiro da tinta. Olhar a vida sem sentir a emoção do mundo. Deixar o tempo engolir a grande "melancia" que carregamos. "Tempos Esquecidos...?"
Um ciao na janela.
Abração
Paulo