quinta-feira, 19 de março de 2009

Eu maluco, tu maluco, ele maluco

O bonde que pego todos os dias pro trabalho me rende um bocado de fábulas no meu caderninho de anotações.
É cada uma que eu vejo que não dá pra crer, tem hora que acho que to saindo de casa mas ainda não acordei, penso que devo estar tendo um daqueles sonhos surrealistas.

Me lembro que um ex-colega de trabalho aí no Brasil, que costumava dizer que o mundo tá silenciosamente sendo tomado pelos tantãs mas ninguém percebe.

Eu, que já concordava, começo a agora a me preocupar...

Essas aqui foram dignas de publicar.


Terça-feira pela manhã entrou essa mulher. Faixa dos 50 anos, toda moderninha, magra, de bermuda jeans, casaquinho cinza, echarpe prateada, cabelo louro preso num rabo-de-cavalo. Passou meio apavorada na minha frente, não conseguiu validar o ticket na maquineta, foi se sentar no fundo (perto de mim, claro, sei lá mas eu tenho ímã pra esse povo), pegou outro ticket na bolsa, não conseguia ler a data nele (daquelas que teimam em não usar óculos apesar da vista cansada), não sabia se ainda era válido ou não, voltou na maquineta e dessa vez ouvi o "trec"de que deve ter validado. Voltou e se sentou novamente.
Tinha esse ar meio desesperado, desorientada. Fiquei sacando a figura (sempre faço isso, esperando a esquisitice que vem a seguir).
Passaram-se alguns segundos até que percebi que ela estava comendo alguma coisa enquanto folheava um jornal. Parecia uma maçã, mas não conseguia ver direito o que era. Tirei os óculos escuros e me surpreendi ao ver o lanche suculento era um pimentão vermelho!!!!!!
E eu juro, eu juro, um pimentão inteiro! Ela o devorou numa rapidez impressionante, embolou as sementes numa folha do jornal e enfiou na bolsa.


...


No final da tarde do mesmo dia, enquanto voltava pra casa, entrou essa outra pérola. Sentou-se na minha frente (!!). Mulher, visual meio hippie, devia ter uns 40 anos, calça e camisa marrons, echarpe roxa, óculos fundo-de-garrafa, cabelo grande bem despenteado.
Parecia tranquila, mas tinha um intrigante sorriso de Monalisa. Sabe como é? Aquela pessoa que sustenta aquele meio-sorriso, que não dá pra dizer se ela tá pensando em algo e querendo rir ou se ela tem um problema nos lábios e eles são presos naquela posição esquisita. Me aborrece, na verdade, fico aflita com essas feições subliminares, não confio nessas pessoas.
No entanto, mais intrigante que o sorriso, era o CHAPÉU que a Madame Min tinha na cabeça... Era meio cowboy, mas tinha estampa de zebra! E era roxo!!! Isso, roxo! Mas vamos adiante (na verdade, foi o que eu percebi antes de tudo) - no topo, tinha um cacho de uvas (de plástico, imagino)! Roxas, óbvio. E numa das abas, um bichinho de borracha (adivinha?) roxo! Parecia uma aranha, sei lá, tinha várias pernas e algumas pendiam pra fora da aba, assim balançando com o movimento do bonde.
Saquei meu caderno, não podia perder um detalhe. Enquanto ela sustentava o sorriso de Mona Lisa, o caho de uvas, a aranha e aquele ar de bruxa maluca saída de um filme do Harry Potter, me entreti em descrevê-la (discretamente) até que ela desembarcasse.

Ela desceu depois de uns vinte minutos. Fiquei tentando acompanhá-la de dentro do bonde, pra ver se ela ia pegar uma vassoura e sair voando, se era um alien e ia arrancar a fantasia de humana ou se ia tirar o chapeú e começar a fazer anotações porque na verdade tava mesmo é fazendo uma pesquisa de comportamento pra ver as reações das pessoas.

E... nada. Ela continuou andando, olhou para os dois lados antes de atravessar a rua e seguiu calmamente, com seu chapéu, a aranha roxa, o cacho de uvas... como se fosse ALGUÉM MUITO NORMAL!!!!!


Me abana gente, eu não tô bem!

Esse é o bonde! É aí onde tudo acontece!

Nat

Um comentário:

Anônimo disse...

Ô minina!!!!!.... essa do chapéu-zebra-roxa-cacho-de-uva-aranha.... vc TINHA QUE DESENHAR!!!!! sua mãe num te ensinou a desenhar não???????? nem foto de celular cê tirou???? ai... perdi essa!!!!
bj
mamãe