quinta-feira, 25 de outubro de 2012

sobre a ordem e os paradigmas femininos de ordem

Mulher não tem jeito. Defendi outro dia, na terapia, que as mulherzices saem no estrógeno. Os microgramas do hormônio ganham a corrente sanguínea e plim! Lá estão elas! "Não adianta, a gente tem essa mania ridícula de tomar tudo pra gente e sofrer horrores!', bradei indignada.
Veja bem se não tenho razão.
A mulher tem uma coisa de tomar pra si o cuidado com aquilo que a rodeia. A casa, o local de trabalho, o carro, os outros, enfim. De alguma maneira ela reflete em si mesma o estado das coisas e, por isso, cuida do que é externo como se lhe pertencesse. E, assim, o que a rodeia acaba, para ela e para os outros, espelhando o estado de espírito dela mesma. E... coitada, ó deus, coitada!
Vejo isso muito na relação da mulher com a ordem da casa, e outras questões domésticas, enquanto questões complementares à figura feminina. Não apenas a  personalidade, que obviamente determina como ela se relaciona com a própria casa, mais que isso, as variações do humor influem diretamente em como se dá essa relação em diferentes momentos.
Exemplo pessoal.
Não sou muito exigente com arrumação, até porque estou sem faxineira. Mas atualmente tenho percebido, provavelmente em função da indeterminação do momento pelo qual passo, como tenho sido mais rigorosa na arrumação. Faço as tarefas de acordo com meu tempo e humor, como é de praxe, mas atualmente tenho me esforçado além do normal ao colocar ordem nas coisas. Elejo a tarefa e me embrenho nela com determinação nipônica. Sapateiras arrumadíssimas, sapatos de couro lustradíssimos e devidamente hidratados com óleo mineral, gavetas e prateleira de roupas militarmente organizadas e perfumadas, cães cheirosíssimos, bancada da cozinha reluzente.
Percebi também que adotei com meu corpo tal fetiche pela ordem. Minhas unhas nunca andaram tão nos trinques, nunca comprei tanto esmalte; cabelo hidratado, pele idem, depilação britanicamente executada, academia em dia, sobrancelhas milimetricamente feitas.
É isso, compensação. A ordem aparente compensando a desordem interior. Depois acham ruim quando dizem que mulher é biruta.
Tenho uma amiga que acha que uma boa faxina (se é que é possível uma faxina ser coisa boa) é excelente pra descarregar, desestressar. Minha sogra outro dia esfregava um pano de prato, mas parecia um gladiador com o leão. Minha vó, na minha infância, me lembro, sempre reclamava dos filhos distantes e da preguiça do meu avô enquanto cozinhava. Minha mãe e uma outra amiga arrumam a casa no dia anterior à ida da faxineira.
Birutíssimas gente!
Mas enfim. Quando as coisas começarem a dar certo, acho que vou dar uma relaxada, no bom sentido.

2 comentários:

Fernanda Rodrigues disse...

Acho que quando as coisas estão ruins, a gente foca nessa faxina/cuidado pra tentar sair do caos... Algo como: "o mundo já tá uma merda, então não posso me afundar ainda mais"...

Espero que você possa "dar uma relaxada" em breve!

Um beijo!

Nat disse...

Obrigada, Fê!